NR-1 e saúde mental: o jurídico no Centro da prevenção corporativa
A saúde mental dos colaboradores se tornou uma prioridade corporativa, e agora é também uma obrigação legal.
Com a atualização da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), todas as empresas devem integrar os riscos psicossociais às suas estratégias de prevenção ocupacional. E nesse cenário, o papel do jurídico vai muito além da defesa: ele se posiciona como peça-chave para a estruturação e conformidade preventiva.
A nova abordagem da NR-1 exige não só ações concretas, mas evidências de atuação preventiva, transformando a saúde mental em um tema técnico e multidisciplinar, que exige articulação entre jurídico, RH e saúde ocupacional. Neste blog, você vai entender como o jurídico pode assumir uma posição de liderança nesse processo e evitar passivos trabalhistas futuros.
O que mudou com a NR-1?
Com a Portaria MTE nº 344/2024, a NR-1 passou a exigir a inclusão de riscos psicossociais no Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) de todas as empresas. Isso inclui fatores como:
- Assédio moral e organizacional;
- Carga excessiva de trabalho;
- Ambientes com cultura tóxica;
- Pressão por metas sem suporte;
- Falta de canais de escuta ou apoio emocional.
A data limite para o cumprimento total das exigências da NR-1 é 26 de maio de 2026, mas a responsabilidade já existe agora. A postergação foi concedida para ajustes técnicos, mas ações e registros já são exigidos em auditorias trabalhistas.
Jurídico estratégico: de reativo a protagonista.
Durante o webinar promovido pela Bernhoeft com a participação da advogada Michelle, do iFood, ficou claro que o jurídico precisa se antecipar aos riscos, assumindo uma postura consultiva, integradora e preventiva. Isso significa:
- Auxiliar na estruturação de políticas internas;
- Apoiar protocolos de conduta e campanhas educativas;
- Validar documentos e estruturar provas de boas práticas;
- Capacitar lideranças sobre o que caracteriza risco psicossocial;
- Registrar formalmente as ações adotadas pela empresa.
Com base na aplicação prática dos cálculos em ações complexas e nos parâmetros técnicos adotados em departamentos jurídicos, é possível construir estratégias robustas de prevenção, reduzindo a exposição a ações trabalhistas por omissão de conduta.
O que é risco psicossocial e por que ele deve estar no PGR?
Segundo o próprio Ministério do Trabalho, riscos psicossociais são aqueles que afetam a saúde mental e emocional dos trabalhadores em função das condições de trabalho, relações interpessoais e estrutura organizacional.
📌 Exemplos:
- Falta de autonomia;
- Metas inatingíveis;
- Ausência de reconhecimento;
- Liderança abusiva;
- Cultura de medo ou silêncio.
Esses fatores devem ser avaliados, mapeados, registrados e monitorados e o PGR precisa refletir esse processo.
Diagnóstico, escuta e capacitação: como começar?
A estruturação da prevenção começa por diagnóstico técnico, com participação de especialistas. As etapas recomendadas incluem:
- Mapeamento organizacional de riscos psicossociais
- Avaliação de jornadas, metas, absenteísmo, rotatividade e clima.
- Canais de escuta ativa e segura
- Internos ou terceirizados, garantindo anonimato e registro.
- Treinamentos obrigatórios para liderança e RH
- Com conteúdo sobre assédio, ética, escuta e suporte emocional.
- Inclusão formal no PGR e integração com o jurídico
- Tudo deve ser documentado, auditável e atualizado periodicamente.
- Monitoramento e revisão constante
- Os riscos mudam. A empresa precisa acompanhar a evolução do ambiente de trabalho.
A importância de documentação técnica e evidências.
Sem registros, treinamentos e documentação, não há como provar conduta preventiva em caso de fiscalização ou ação judicial. O jurídico precisa garantir que:
- Todas as medidas adotadas sejam formalizadas;
- Os registros estejam organizados e disponíveis;
- Os envolvidos tenham ciência e ciência registrada (assinaturas, presença, atas).
Essa atuação fortalece a empresa em processos judiciais e minimiza riscos de condenações por omissão de conduta.
Como os cálculos judiciais se conectam com a prevenção?
O jurídico, em parceria com áreas técnicas, pode antecipar projeções de passivo trabalhista, com base em:
- Histórico de ações envolvendo saúde mental;
- Perfil de rotatividade por áreas;
- Incidência de afastamentos ou denúncias;
- Análise de condenações judiciais passadas.
Essas informações, quando tratadas com precisão técnica e apoio de cálculos judiciais, permitem à empresa tomar decisões estratégicas, inclusive com provisionamentos mais realistas.
Prevenção não é tendência, é exigência!
A NR-1 não é apenas uma norma técnica, ela representa uma mudança cultural no mundo do trabalho, e o setor jurídico tem o potencial de ser o catalisador dessa transformação, estruturando a prevenção com responsabilidade técnica, visão estratégica e foco em segurança jurídica.
Na Bernhoeft, o departamento de cálculos atua de forma integrada com escritórios e departamentos jurídicos para fortalecer a base técnica dos processos. Quando falamos em saúde mental e NR-1, isso significa oferecer suporte com projeções financeiras, estruturação de passivos e validação de informações que impactam diretamente na prevenção de riscos trabalhistas.
Sua empresa está preparada para quantificar e prevenir os impactos jurídicos ligados à saúde mental?
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