Gestão de Terceiros

PCA: entenda como funciona o Programa de Conservação Auditiva e como implantar na sua empresa

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O ruído é um dos riscos mais comuns, encontrado facilmente tanto no nosso dia a dia como em grande parte dos processos laborais. O controle do ruído é, portanto, uma questão de considerável importância e essa relevância tem crescido progressivamente nos últimos anos. Cada vez mais, uma ampla variedade de profissionais compartilha um interesse vital por este problema: técnicos, engenheiros, arquitetos, urbanistas, oficiais do governo, higienistas ocupacionais, médicos, fonoaudiólogos, entre outros. 

Para saber como eliminar ou reduzir a perda auditiva temos o PCA – Programa de Conservação Auditiva. Sua característica multidisciplinar faz com que as habilidades, conhecimentos e experiências de cada profissional envolvido no programa sejam aproveitadas ao máximo, integrando os trabalhadores expostos e promovendo consideravelmente as chances de sucesso.  

Com o auxílio do PCA, é totalmente possível atingir o objetivo de prevenção da perda auditiva induzida pelo ruído ocupacional se os requisitos mínimos forem cumpridos no desenvolvimento do programa. Para saber mais, continue a leitura e confira a proposta do PCA e seus benefícios. 

 

O que é o Programa de Conservação Auditiva?

O PCA, ou Programa de Conservação Auditiva, consiste em uma série de atividades que visam preservar a audição dos trabalhadores expostos a ruídos intensos durante o horário de trabalho. O principal propósito do Programa de Controle Auditivo (PCA) é preservar a saúde dos trabalhadores, ou seja, evitar que aqueles expostos a níveis de ruído perigosamente elevados desenvolvam Perda Auditiva Induzida por Ruído Ocupacional (PAIRO).  

Vale ressaltar que o PCA é parte integrante da gestão de riscos e atua de forma conjunta com outros programas. O conjunto de medidas, como uso de EPI’s e EPC’s, análise de ruído, realização de exames audiométricos periódicos, além de outras recomendações e cuidados, devem ser registrados também no Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR).  

A abordagem é generalizada, para o entendimento inicial de cada etapa que faz parte do programa, necessitando que o conteúdo seja desenvolvido por cada empresa, por apresentarem situações e oportunidades diferentes em cada caso. Como todos os programas de saúde e segurança ocupacional, o PCA deve ser continuamente melhorado e implementado em todos os setores de atividades em que as pressões sonoras excedem os limites permitidos especificados na NR 15 – Atividades e Operações Insalubres.
 

Quando o PCA deve ser elaborado?  

É necessário realizar avaliações em todas as áreas de trabalho onde haja presença de ruído e exposição dos trabalhadores, utilizando métodos apropriados de análise quantitativa. Consequentemente, é imperativo desenvolver um procedimento documentado que estabeleça de maneira clara a metodologia para o monitoramento de riscos na empresa. Esse procedimento deve assegurar que não ocorram alterações nas condições do ambiente de trabalho que ultrapassem as limitações dos equipamentos relacionados. 

Conforme dito anteriormente, o PCA atua de forma conjunta com outros programas. Assim, a NR 7 – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional estabelece diretrizes e parâmetros mínimos para avaliação e acompanhamento da audição em trabalhadores expostos a níveis de pressão sonora elevados. Em consonância, os procedimentos estabelecidos podem fazer referências ao Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) da empresa, uma vez que está intrinsicamente ligado PCMSO e ao PCA. 

A análise de riscos por meio da “técnica dosimetria” é proposta para avaliar a média aritmética ponderada que considera o nível de ruído, em decibéis (dB) e o tempo de exposição (horas). 

Ou seja, sempre que o ruído no ambiente estiver acima de 80 dB, o programa deve ser elaborado, implantado e gerenciado no ambiente de trabalho. Em suma, o PCA deve ser elaborado sempre que for identificado ruído acima dos níveis de ação no ambiente de trabalho. Portanto, o Programa de Conservação Auditiva deve estar integrado a outros instrumentos de medicina e segurança do trabalho, como o PCMSO e o PGR. 

 

Como o PCA deve ser elaborado?  

O Documento-base será a parte inicial do Programa de Conservação Auditiva. Ele irá agrupar todas as informações constantes do programa e deve conter a política da empresa referente à proteção auditiva em particular e à saúde do trabalhador no geral.  

Além disso, deve definir as responsabilidades de cada pessoa envolvida no PCA, enumerar os procedimentos escritos que são partes do PCA (Monitoramento da exposição, testes audiométricos, seleção dos protetores auditivos, uso, higienização, guarda e manutenção, treinamentos dos envolvidos) e, por último, ser avaliado e conter um plano de ação para implementação e melhorias no sistema, se necessário. 

Como mencionado, o Programa de Conservação Auditiva é um processo contínuo e requer diversas etapas para garantir sua eficácia. A seguir podemos explorar cada uma delas: 

Analise o ambiente de trabalho: o primeiro passo para criar um PCA é conhecer e entender como sua empresa atua. Identifique os perigos que os funcionários enfrentam e os riscos representados por essas atividades.
 

Solicite exames de audiometria: todos os funcionários expostos ao ruído devem ter sua audição testada durante a avaliação de emprego. É importante realizar esses testes na admissão e em intervalos regulares para monitorar regularmente o estado auditivo. 
 

Invista na capacitação dos funcionários: todos os funcionários devem estar cientes do ruído que pode haver no ambiente de trabalho. Essa é uma iniciativa importante não só para a equipe de SST, mas para todos os colaboradores. Se ocorrer algum ruído incômodo, o trabalhador deve ser orientado a reportá-lo à equipe. Além disso, é de suma importância o uso de equipamentos de proteção individual adequados.
 

Fornecendo EPI’s e implementando EPC’s: alguns tipos de EPI e EPC são muito eficazes no isolamento acústico. Assim, deve ser fornecida proteção auditiva eficaz em condições ideais e, se possível, recomenda-se a instalação de dispositivos de isolamento acústico em equipamentos e locais geradores de ruído. 

 

Qual profissional deve elaborar o PCA?  

O desenvolvimento do programa deve ser conduzido por profissionais que possuam conhecimento sobre os componentes do Programa de Controle Auditivo (PCA), processo de implantação e manutenção do PCA, além de terem familiaridade com a legislação relacionada à Segurança e Saúde do Trabalho.  

Entre os profissionais que podem avaliar o ambiente laboral, estabelecer os procedimentos e definir requisitos sobre EPI´s e EPC’s estão: 

  • Engenheiros de segurança no trabalho; 
  • Técnicos em segurança do trabalho; 
  • Fonoaudiólogos; 
  • Médicos do trabalho;  
  • Enfermeiros do trabalho. 

 

O responsável pela conservação auditiva dentro de cada empresa deve analisar se as particularidades da proposta de trabalho são viáveis ou não, em cada PCA, de cada ambiente laboral, fazendo o melhor julgamento de como adaptar a proposta para atender as necessidades da empresa, a fim de alcançar a efetiva prevenção da perda auditiva ocupacional.  

A equipe deve ser multidisciplinar. Cada um dos integrantes do programa terá suas atribuições e deveres a depender de suas formações profissionais, experiências e habilidades. A avaliação periódica do programa é essencial e pode ser conduzida, por exemplo, por meio de auditorias que analisem os resultados obtidos e os impactos de todas as medidas de prevenção propostas no Programa de Controle Auditivo (PCA).

 

Os benefícios do PCA para a manutenção de um ambiente de trabalho seguro 

Pelo fato de manter a saúde dos trabalhadores em dia, o PCA acaba sendo também um responsável pela redução de afastamentos e absenteísmo, além de ser um programa que também ajuda a combater o estresse no trabalho. A perda auditiva, em muitos casos, afeta, inclusive, a comunicação do trabalhador, uma vez que passa a ter dificuldade na captação de som. 

É possível conseguir motivação tanto dos empregadores quanto dos empregados para uma implementação eficaz de um PCA em uma empresa, pois muitos benefícios podem ser observados para ambas as partes, como exemplificado a seguir: 

Benefícios do PCA ao empregado  

  • Melhoria da qualidade de vida: a perda auditiva afeta a capacidade de comunicação do indivíduo, que é essencial para viver bem em sociedade.
  • Redução dos impactos no organismo: menos nervosismo, estresse, doenças cardiovasculares e outros males ocasionados pela exposição excessiva ao ruído. 
  • Melhoria no trabalho: habilidade em dar e receber orientações, utilizar o telefone, ouvir sinais de alerta e sons de máquinas, aumento das chances de mobilidade de função dentro da empresa. 
  • Disponibilidade para o mercado: a perda auditiva diminui o potencial do indivíduo em conseguir um novo emprego. 
  • Manutenção da Saúde: prevenção de problemas auditivos de origem não-ocupacional, que podem ser detectados pelos exames anuais que fazem parte do PCA. 

  

Benefícios do PCA ao empregador  

  • Benefício direto: aumento da produtividade do empregado, pela redução do estresse e fadiga, relacionados à exposição ao ruído. 
  • Diminuição do índice de acidentes na empresa: ganhos monetários diretos e indiretos 
  • Manutenção da imagem da empresa: prática de políticas que dizem respeito à saúde e segurança dos funcionários 
  • Versatilidade dos empregados: aumento das possibilidades de mobilidade de função, reduzindo custos extras devidos a novas contratações e treinamentos.

  • Redução da rotatividade de pessoal: melhoria do relacionamento entre os funcionários.

  • Redução de custos: prevenção de perdas de dinheiro por possíveis pagamentos de indenizações.  

 

Este programa deverá ser revisto e avaliado a cada 12 meses, no mínimo, pelos auditores definidos pelo administrador do programa. Todos os requerimentos mínimos do programa deverão ser contemplados em todas as auditorias. E por fim, manter um PCA é estar em dia com as obrigações de SST, visto que é um programa obrigatório previsto pelo Anexo II da NR 07.  

 

Como nós podemos ajudar? 

Pioneira na prevenção de riscos trabalhistas e gestão de riscos com terceiros, a Bernhoeft realiza há mais de 20 anos uma minuciosa avaliação dos riscos envolvidos na relação entre empresas tomadoras e prestadoras de serviço.  

A Bernhoeft atua como parceira junto aos fornecedores, dando todo suporte (atendimento, cursos, workshop, blog, base de conhecimento) para que fiquem em compliance e tenham sucesso com seus tomadores de serviço. Assim, auxiliamos clientes e fornecedores a garantirem a conformidade dos documentos e programas com as regulamentações, promovendo a saúde e segurança do trabalho. Entre em contato conosco e conheça os benefícios de contar com o nosso apoio. 

 

Escrito por: Jefferson Borburema | Analista em Gestão de Terceiros