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Produtos químicos: mudanças de FISPQ para FDS
Produtos químicos: mudanças de FISPQ para FDS
Na complexa teia da gestão de produtos químicos, a transição de FISPQ para FDS emerge como um marco significativo. Compreender as motivações por trás dessa mudança e os benefícios esperados é fundamental para as empresas que buscam uma abordagem mais moderna e eficiente na segurança química.
A transição não é apenas uma questão de nomenclatura é uma evolução estratégica para melhor atender às demandas contemporâneas. As razões por trás dessa mudança refletem a necessidade de um sistema mais abrangente e dinâmico, capaz de se adaptar às exigências em constante mutação do ambiente industrial.
FDS: uma visão geral da ficha de dados de segurança
A Ficha de Dados de Segurança (FDS) surge como a evolução natural da FISPQ, prometendo uma abordagem mais holística e proativa para a segurança química. Sua definição e propósito vão além do simples cumprimento de requisitos regulatórios, abraçando a prevenção de riscos e a promoção da segurança como princípios fundamentais.
A Ficha de Dados de Segurança (FDS) é um documento que disponibiliza informações abrangentes acerca de diferentes aspectos relacionados à proteção, segurança, saúde e meio ambiente de uma substância ou mistura química.
O propósito fundamental da FDS é permitir que o fabricante do produto compartilhe dados relevantes sobre os potenciais riscos associados aos produtos químicos que são produzidos e comercializados.
A responsabilidade de disponibilizar as fichas, juntamente com o produto, recai sobre o fabricante ou fornecedor, uma vez que esse documento é uma exigência obrigatória para a comercialização desses produtos.
A estrutura da FDS é organizada em seções, abrangendo informações detalhadas sobre vários aspectos do produto. Além de detalhar características específicas, a FDS oferece orientações sobre medidas de emergência a serem adotadas em caso de acidentes.
Para melhor compreensão deste documento, apresentamos cada seção com suas respectivas utilidades e aplicabilidades:
I – Identificação: identificação do produto, usos recomendados, informações de emergência.
II – Identificação de perigos: Descrição da classificação GHS da substância/mistura.
III – Composição e informações sobre os ingredientes: Informações da identidade química do produto, bem como número de registro CAS.
IV – Medidas de primeiros-socorros: descrição das medidas necessárias, subdivididas de acordo com as diferentes rotas de exposição.
V – Medidas de combate a incêndio: meios de extinção adequados e inadequados) e precaução para equipe de bombeiros.
VI – Medidas de controle para derramamento ou vazamento: descrições de equipamentos de proteção, procedimentos de emergência.
VII – Manuseio e armazenamento: proteções pessoais para manuseio seguro, bem como condições para armazenamento seguro.
VIII – Controle de exposição e proteção individual: limites de exposição, medidas de controle de engenharia, medidas de proteção pessoal.
IX – Propriedades físicas e químicas: Estado físico, cor, odor, ponto de fusão/ponto de congelamento.
X – Estabilidade e reatividade: Esta seção indica se a substância ou mistura é estável ou instável em condições normais de temperatura e pressão, perigos de reatividade, materiais incompatíveis e outros fatores.
XI – Informações toxicológicas: Descrição dos vários efeitos toxicológicos à saúde e aos dados disponíveis que foram usados para identificar esses efeitos.
XII – Informações ecológicas: ecotoxicidade, potencial de bioacumulação e outros efeitos adversos.
XIII – Considerações sobre destinação final: Descrição sobre resíduos e informações sobre manuseio e descarte.
XIV – Informações sobre transporte: Contém informações sobre códigos e classificações de acordo com regulamentações para transporte dos produtos.
XV – Informações sobre Regulamentações: Contém informações sobre as regulamentações especificas para saúde, segurança e meio ambiente aplicáveis ao produto em questão.
XVI – Outras informações: Informações sobre a preparação e revisão da FDS.
A FDS é projetada para oferecer uma visão mais ampla e aprofundada dos produtos químicos, incorporando informações que vão além das puramente técnicas.
Essa mudança busca fornecer aos trabalhadores e gestores dados mais claros e contextualizados sobre os riscos associados ao uso de produtos químicos em seus ambientes de trabalho.
Normas e regulamentos atualizados: impacto na indústria
A transição da FISPQ para FDS não se desenrola de maneira isolada, está profundamente entrelaçada às transformações nas normas e regulamentos que regem a indústria.
A discussão acerca de como essas normas estão se ajustando e incorporando a FDS ressalta a necessidade premente de uma abordagem mais holística e integrada na gestão de produtos químicos.
No cerne dessa evolução, encontramos uma resposta dinâmica às mudanças nas normas de segurança industrial, ambiental e de saúde ocupacional. À medida que a FDS emerge como um padrão mais abrangente, as normas da indústria se ajustam para refletir e acomodar essa transição.
Esse alinhamento é crucial para assegurar que as empresas estejam em conformidade com as práticas mais recentes e eficazes na gestão de produtos químicos.
As implicações legais e de conformidade derivadas dessas mudanças normativas são vitais para compreender o contexto em constante mutação.
A adaptação a essas mudanças transcende a mera responsabilidade, ela representa uma oportunidade estratégica para as organizações promoverem ambientes de trabalho não apenas seguros, mas também sustentáveis a longo prazo.
Comparação: FISPQ vs. FDS
Uma análise minuciosa das diferenças entre FISPQ e FDS revela detalhes que transcendem a mera mudança de terminologia. A FDS não apenas atualiza a linguagem utilizada, oferecendo uma visão mais abrangente e compreensível dos perigos associados aos produtos químicos.
Em relação às mudanças no documento, a FISPQ passará a ser chamada de FDS, o que trará maior harmonização no nome do documento quando comparado com outros idiomas. Em relação ao conteúdo do documento, ainda serão obrigatórias as 16 seções.
Algumas das principais distinções entre FISPQ e FDS:
Escopo e Propósito:
- FISPQ: tipicamente concentrada em informações técnicas e de saúde ocupacional, oferecendo detalhes sobre perigos, precauções e medidas de primeiros socorros. Seu foco principal é a conformidade com regulamentações específicas.
- FDS: adota uma abordagem mais abrangente, englobando não apenas aspectos técnicos e de saúde, mas também considerações ambientais, transporte, medidas de combate a incêndios, entre outros. Busca proporcionar uma visão holística dos riscos associados ao produto.
Estrutura e Seções:
- FISPQ: geralmente segue um formato padronizado, com seções como Identificação do Produto, Composição e Informações sobre Ingredientes, Propriedades Físicas e Químicas, Medidas de Controle e Proteção Individual, entre outras.
- FDS: também composta por seções, mas a estrutura pode variar conforme normas e regulamentos locais e internacionais. Além das seções presentes na FISPQ, a FDS pode incorporar informações sobre Ecotoxicidade, Estabilidade e Reatividade, Informações Toxicológicas, entre outras.
Informações sobre Meio Ambiente:
- FISPQ: fornece informações básicas sobre impacto ambiental, porém a ênfase pode ser limitada.
- FDS: dedica uma atenção mais detalhada às implicações ambientais do produto químico, abordando aspectos como persistência, bioacumulação, e potencial de toxicidade para organismos aquáticos.
Detalhes sobre Medidas de Emergência:
- FISPQ: oferece informações sobre medidas de primeiros socorros e combate a incêndios, mas pode ser mais focada nos aspectos imediatos.
- FDS: expande as informações sobre medidas de emergência, incluindo procedimentos para vazamentos, métodos de limpeza, e disposição adequada.
Contextualização e Usabilidade:
- FISPQ: pode ser percebida como mais técnica e direcionada a profissionais específicos, como técnicos em segurança e saúde ocupacional.
- FDS: tende a ser mais contextualizada, visando tornar as informações acessíveis a um público mais amplo, incluindo trabalhadores, gestores e órgãos de fiscalização.
Com uma estrutura mais robusta, a FDS busca preencher lacunas e fornecer informações mais claras, permitindo uma avaliação mais precisa dos riscos e a implementação de medidas preventivas mais eficazes.
A importância da FDS na homologação de fornecedores: o que as empresas devem entender
A Ficha de Dados de A Ficha de Dados de Segurança (FDS) assume um papel crucial na homologação de fornecedores, desempenhando um papel estratégico na seleção de parceiros alinhados com os requisitos e valores da empresa.
Razões fundamentais que destacam porque a FDS é um elemento-chave nesse processo:
Avaliação de Riscos:
A FDS fornece uma análise detalhada dos riscos associados aos produtos químicos fornecidos pelos fornecedores. Essa avaliação é essencial para entender os potenciais impactos à segurança, saúde e meio ambiente, permitindo uma tomada de decisão informada durante a homologação.
Conformidade Regulatória:
A FDS é um documento legalmente exigido e sua presença e precisão são indicadores críticos de conformidade regulatória. Ao exigir a apresentação da FDS, as empresas asseguram que seus fornecedores atendam aos requisitos normativos e estejam comprometidos com as melhores práticas do setor.
Compromisso com a Sustentabilidade:
A FDS aborda não apenas os aspectos de segurança, mas também considera os impactos ambientais dos produtos químicos. Isso permite que as empresas avaliem o compromisso dos fornecedores com práticas sustentáveis e escolham parceiros alinhados com suas metas de responsabilidade social e ambiental.
Transparência e Comunicação Efetiva:
A apresentação da FDS demonstra a transparência do fornecedor ao compartilhar informações detalhadas sobre seus produtos. Esse nível de transparência é essencial para estabelecer uma comunicação efetiva e construir uma relação de confiança na cadeia de suprimentos.
Gestão Proativa de Riscos:
A FDS não apenas lista os riscos, mas também inclui medidas de controle e ações de emergência. Isso reflete a capacidade do fornecedor de gerenciar proativamente os riscos associados aos seus produtos, o que é crucial para uma cadeia de suprimentos resiliente.
Padronização e Organização de Informações:
A padronização da FDS facilita a organização e a análise de informações. Esse formato estruturado simplifica o processo de homologação, permitindo uma avaliação mais eficiente e abrangente das práticas de segurança e conformidade dos fornecedores.
Integração nos Sistemas de Gestão:
A inclusão da FDS como parte integrante do processo de homologação permite uma integração mais eficaz com os sistemas de gestão existentes. Isso facilita a coordenação entre diferentes departamentos e a criação de uma abordagem coesa na avaliação de fornecedores.
Redução de Riscos Jurídicos:
A conformidade com a FDS reduz os riscos legais associados a acidentes, lesões ou danos ambientais. Ao selecionar fornecedores que fornecem informações detalhadas e precisas, as empresas minimizam a exposição a potenciais litígios.
Em resumo, a FDS é um elemento-chave na homologação de fornecedores, pois fornece informações essenciais para avaliar riscos, garantir conformidade e selecionar parceiros que compartilham dos mesmos valores e compromissos com a segurança, sustentabilidade e conformidade regulatória.
Ao fazer da FDS uma parte integrante do processo de homologação, as empresas fortalecem sua cadeia de suprimentos e promovem práticas de negócios éticas e responsáveis.
Tempo de implementação: prazos e considerações
A mudança de FISPQ para FDS não é apenas uma visão de futuro é uma realidade iminente. Com informações sobre os prazos para implementação da FDS, as empresas podem se preparar de maneira eficiente, evitando interrupções desnecessárias e garantindo uma transição suave.
A preparação envolve não apenas a atualização da documentação, mas também a capacitação da equipe e a comunicação eficaz para garantir que todos os membros da organização estejam alinhados com as mudanças.
O período concedido para assegurar plena conformidade com a NBR 14725 será de 24 meses a partir da divulgação da nova versão do documento, ou seja, até dois anos após o dia 03 de julho de 2023.
Apesar da extensão do prazo, é aconselhável que as empresas iniciem os ajustes imediatamente após a publicação para evitar potenciais riscos. Manter-se atualizado é crucial para mitigar a possibilidade de complicações futuras.
Dado que a apresentação da FDS será um requisito legal, é previsível que os órgãos de fiscalização solicitem e verifiquem o documento durante auditorias.
Em um cenário onde a segurança é uma prioridade constante, a transição de FISPQ para FDS é mais do que uma simples mudança de terminologia é um passo significativo em direção a práticas mais modernas e eficazes na gestão de produtos químicos, promovendo ambientes de trabalho mais seguros e sustentáveis.
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Escrito por: Mônica Barbosa | Analista de Gestão de Riscos