Segurança do trabalho para vigilantes: como prevenir riscos

Ultima atualização: 30.06.2025

Em meio à rotina silenciosa de um shopping center ou à vigilância noturna de um edifício corporativo, há sempre uma figura atenta: o vigilante. Embora muitas vezes invisível aos olhos do público, esse profissional é o primeiro a responder em situações de emergência, o guardião da integridade física e patrimonial de muitos.

No entanto, por trás do uniforme e da postura firme, existem riscos significativos que ameaçam sua saúde e segurança diariamente. Este artigo explora os perigos enfrentados pelos vigilantes, as medidas preventivas essenciais e as responsabilidades compartilhadas entre empregadores e profissionais para garantir um ambiente de trabalho seguro e eficiente.

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Função e responsabilidades na segurança do trabalho para vigilantes

O trabalho do vigilante é multifacetado e exige um alto nível de responsabilidade, atenção e preparo. Esses profissionais atuam na linha de frente da proteção patrimonial, sendo encarregados não apenas de inibir ações criminosas, mas também de garantir a ordem e a segurança de pessoas e espaços sob sua vigilância. Sua atuação é estratégica e envolve tanto ações preventivas quanto reativas.

Entre as principais atribuições, está o controle rigoroso de acessos, garantindo que somente pessoas autorizadas entrem em determinadas áreas. Para isso, utilizam sistemas eletrônicos, checagem de documentos e, em muitos casos, contato direto com o público. Além disso, realizam rondas periódicas nos ambientes sob sua responsabilidade, com o objetivo de identificar comportamentos suspeitos, vulnerabilidades no perímetro e situações de risco iminente.

Essa vigilância contínua contribui diretamente para a prevenção de ocorrências como furtos, invasões ou vandalismo.

Outro ponto essencial da função é o monitoramento de equipamentos de segurança, como câmeras de vigilância, alarmes e sensores de presença. A análise desses dispositivos permite uma reação mais ágil diante de eventos anormais.

Em situações emergenciais, o vigilante deve ser capaz de agir com rapidez e discernimento, acionando as autoridades competentes, prestando primeiros socorros quando necessário ou coordenando evacuações.

Vale destacar que o trabalho do vigilante vai muito além da proteção física de instalações. Ele também é um agente de prevenção de perdas financeiras, contribuindo para a integridade do patrimônio e evitando danos que poderiam gerar prejuízos à organização. Sua presença constante atua como um fator dissuasório para ações criminosas, reduzindo significativamente os riscos de incidentes.

Para desempenhar essa função de forma eficaz, o vigilante precisa reunir uma série de competências técnicas e comportamentais. A capacidade de observação é uma das principais — identificar detalhes fora do comum pode evitar grandes incidentes. Também são exigidos autocontrole, equilíbrio emocional e discernimento para tomar decisões sob pressão.

A comunicação assertiva, tanto na forma escrita quanto verbal, é essencial para relatar ocorrências e interagir com diferentes públicos. Já a aptidão física é uma exigência básica da profissão, já que muitas vezes o trabalho envolve longos períodos em pé, deslocamentos contínuos e reações rápidas em situações inesperadas.

Riscos mais comuns na segurança do trabalho para vigilantes

Antes de qualquer ação preventiva, é fundamental conhecer profundamente os riscos que envolvem a atividade do vigilante. O levantamento desses riscos é uma etapa essencial para qualquer estratégia eficaz de gestão da segurança, já que permite antecipar ameaças, avaliar vulnerabilidades e implementar medidas corretivas de forma direcionada.

No caso dos profissionais de vigilância, os perigos são numerosos e abrangem desde ocorrências externas — como tentativas de roubo — até falhas internas de processos e relações interpessoais no ambiente de trabalho.

Um dos principais campos de exposição do vigilante está ligado justamente à proteção do patrimônio. Nesse contexto, é comum lidar com situações de risco iminente, como assaltos à mão armada, furtos qualificados, vandalismo, sabotagem ou até atentados. Tais ocorrências, além de ameaçarem os bens materiais da empresa, também colocam em risco a vida do próprio vigilante e de todos ao seu redor.

Entre os crimes patrimoniais mais preocupantes estão o roubo com violência ou grave ameaça (latrocínio), fraudes internas ou externas, tentativas de estelionato e extorsão, invasões físicas às dependências da organização e, em casos mais complexos, espionagem industrial e sabotagens planejadas.

O vigilante, por estar na linha de frente e muitas vezes ser o primeiro a detectar ou responder a essas situações, torna-se um alvo potencial. Seu preparo e atenção são decisivos para neutralizar ou minimizar esses riscos.

Além das ameaças externas, existem ainda os riscos de natureza operacional, diretamente associados à estrutura, à rotina da organização e à execução de tarefas cotidianas. Um ambiente mal sinalizado, por exemplo, pode aumentar a chance de acidentes durante rondas noturnas.

Da mesma forma, falhas em sistemas de controle de acesso, iluminação insuficiente, falta de manutenção em equipamentos de segurança ou ausência de procedimentos claros podem comprometer o desempenho do vigilante e gerar brechas na segurança.

Outro aspecto crucial a ser considerado na atuação dos vigilantes são os riscos psicossociais, que se manifestam nas interações humanas e nas pressões emocionais do ambiente de trabalho. Esses riscos incluem situações de assédio moral ou sexual, violência verbal, chantagens e conflitos interpessoais, que não apenas afetam o clima organizacional, mas também comprometem diretamente a saúde mental e emocional do vigilante.

A constante vigilância, a exposição a situações de tensão e o alto nível de responsabilidade exigido da função podem levar ao esgotamento psicológico, ansiedade e até ao desenvolvimento de quadros de estresse crônico.

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Medidas preventivas na segurança do trabalho para vigilantes

A segurança na atuação dos vigilantes começa muito antes de uma situação de risco se concretizar. Medidas preventivas eficazes envolvem uma combinação de treinamento técnico, uso adequado de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), e a implementação rigorosa de normas e procedimentos operacionais. A base da prevenção na atividade de vigilância está no preparo técnico e comportamental do profissional.

Para atuar na função, o vigilante deve passar pelo curso de formação com carga horária mínima de 200 horas, além de realizar reciclagens obrigatórias a cada dois anos, com 50 horas de duração. A regularidade desses treinamentos garante a atualização constante diante de novos riscos e situações operacionais.

Também é exigida a Carteira Nacional do Vigilante (CNV), que, conforme a Portaria 18.045/2023, passou a ter validade de dois anos para documentos emitidos a partir de 01/05/2023 — mesma vigência do certificado de formação. Somado a isso, a realização de simulações e o fortalecimento do controle emocional são práticas que completam a preparação, formando profissionais mais estratégicos, confiantes e aptos a atuar com eficácia.

O uso adequado dos EPIs também tem papel decisivo na proteção do vigilante, especialmente em ambientes de maior risco, como áreas externas, turnos noturnos ou locais com histórico de ocorrências. Colete balístico, lanternas, rádios comunicadores, calçados de segurança e itens de visibilidade são alguns exemplos que, além de protegerem fisicamente, reforçam a autoridade visual do profissional.

Um vigilante bem uniformizado e com postura firme, mesmo em uma posição de observação, transmite organização, preparo e seriedade — elementos que por si só já funcionam como fator de dissuasão a ações criminosas.

Também é essencial respeitar normas e procedimentos operacionais internos que orientam a conduta no dia a dia. Essas diretrizes incluem desde o controle de acesso e a realização de rondas, até o uso de registros de ocorrências, comunicação com a equipe e resposta a emergências.

A disciplina operacional não apenas protege o vigilante, como também garante a padronização das ações, reduz falhas humanas e evita a exposição desnecessária a riscos. Um dos princípios mais importantes nesse contexto é a discrição: assuntos relacionados à segurança, como estratégias, horários de troca de turno e rotinas operacionais, devem ser mantidos sob sigilo absoluto, mesmo em conversas informais.

Por fim, o comportamento preventivo também envolve atitudes individuais e postura pessoal. A atenção constante ao ambiente, o hábito de observar detalhes, manter distância segura de pessoas suspeitas e desenvolver o senso de desconfiança saudável são características que se somam à formação técnica.

Vigilantes que criam cenários mentais de resposta a incidentes, como assaltos ou invasões, estão mais preparados para reagir com rapidez e lucidez. A prevenção, portanto, não é apenas um protocolo a ser seguido, mas uma mentalidade a ser cultivada diariamente no exercício da função.

Segurança do trabalho: deveres legais de empregador e vigilante

A legislação brasileira define claramente os deveres dos vigilantes e de seus empregadores. O vigilante deve atuar com ética, discrição e responsabilidade, protegendo pessoas e patrimônios. Também é obrigatório portar a Carteira Nacional de Vigilante (CNV) válida, utilizar apenas os uniformes e equipamentos autorizados durante o serviço e relatar qualquer irregularidade.

Já os empregadores devem garantir um ambiente de trabalho seguro, fornecer EPIs em boas condições, promover treinamentos regulares e cumprir as normas de segurança do trabalho.

De acordo com a NR 16, a vigilância patrimonial é considerada uma atividade perigosa, o que assegura aos vigilantes o direito ao adicional de periculosidade, correspondente a 30% do salário base. Esse reconhecimento reforça a importância de medidas preventivas e do cuidado contínuo com a integridade física desses profissionais.

O cumprimento das obrigações legais por ambas as partes garante a segurança no ambiente de trabalho e evita consequências jurídicas, como multas e sanções. Por isso, é essencial que vigilantes e empregadores atuem de forma conjunta, conscientes de suas responsabilidades, para preservar a legalidade e o bem-estar de todos.

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Cultura de segurança no trabalho para vigilantes

Promover uma cultura de segurança no ambiente de trabalho vai além da adoção de medidas pontuais — trata-se de estabelecer um compromisso coletivo com a prevenção, o respeito e a valorização do trabalho do vigilante. Quando a segurança é compreendida como parte da rotina e da identidade organizacional, todos os envolvidos se tornam agentes ativos na proteção de pessoas, patrimônios e informações.

Nesse contexto, o vigilante não deve ser visto apenas como um observador do risco, mas como peça-chave em estratégias que preservam a integridade da operação e reforçam a credibilidade da empresa.

Investir na gestão de riscos é uma forma concreta de sustentar essa cultura. Ao identificar vulnerabilidades e antecipar cenários críticos, a organização fortalece sua capacidade de resposta e promove um ambiente mais estável. Isso exige não só recursos e tecnologia, mas também diálogo, treinamento e apoio contínuo à atuação dos profissionais de segurança.

Reconhecer e valorizar esse trabalho é essencial para garantir não apenas a proteção física do espaço corporativo, mas também a sensação de confiança e bem-estar entre todos os que o ocupam.

Como a Bernhoeft pode te ajudar?

Na Bernhoeft, sabemos que a segurança do trabalho para vigilantes exige atenção constante, tanto por parte das empresas quanto dos próprios profissionais. Por isso, oferecemos soluções completas para garantir conformidade com as normas legais, mitigação de riscos e valorização do trabalho dos terceirizados da área de segurança.

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Autor: Renan Vieira Gomes | Especialista em Gestão de Terceiros