Como eliminar riscos nos alojamentos de trabalhadores do agronegócio
O agronegócio brasileiro é um dos pilares da economia, responsável por milhões de empregos e por uma fatia relevante do PIB nacional. Mas, por trás da força desse setor, existe um desafio que nem sempre ganha destaque: as condições de alojamento de trabalhadores que atuam em fazendas, plantações e operações terceirizadas.
Problemas em alojamentos já resultaram em fiscalizações, multas milionárias, processos trabalhistas e, principalmente, danos irreversíveis à imagem de empresas. Para ter uma ideia, em 2024, atividades como cultivo de café (214), cultivo de cebola (194) e serviço de colheita (120) figuraram entre as que mais registraram resgates de trabalhadores em condições degradantes.
Em muitos casos, a negligência na supervisão de fornecedores terceirizados abre espaço para riscos graves, como condições degradantes ou situações análogas à escravidão. A maior parte desses problemas ocorre pela da falta de visibilidade e controle para os terceirizados, reforçando a importância de uma gestão de terceiros completa e eficiente.
Neste artigo, vamos mostrar como os riscos nos alojamentos estão diretamente ligados à gestão de terceiros e como a auditoria de campo pode ser a solução estratégica para eliminar passivos trabalhistas e proteger a reputação das empresas no agronegócio.
Por que os alojamentos de trabalhadores preocupam no agronegócio?
A gestão de terceiros no agronegócio é um desafio constante. Para suprir a alta demanda de mão de obra em períodos de plantio e colheita, a contratação de empresas terceirizadas é comum.
No entanto, é justamente aí que surgem os riscos: esses profissionais muitas vezes ficam hospedados em alojamentos fornecidos por contratantes ou por fornecedores, e as condições de alojamento podem estar bem abaixo do que a lei exige.
Falta de condições adequadas de higiene, instalações precárias, ausência de saneamento básico, superlotação e alimentação irregular são apenas alguns dos problemas encontrados em fiscalizações recentes do Ministério do Trabalho.
Essas situações não afetam apenas os trabalhadores, elas expõem diretamente as empresas contratantes, que podem ser responsabilizadas de forma subsidiária ou solidária pelas falhas de seus fornecedores.
Alojamento de trabalhadores e passivos trabalhistas
Em 2024, mais de 2 mil trabalhadores foram resgatados de condições análogas à escravidão em diferentes setores, com destaque para o agronegócio. Foram assegurados mais de R$ 7 milhões em verbas trabalhistas e rescisórias.
Um alojamento de trabalhadores em situação irregular pode gerar consequências financeiras pesadas. Multas, indenizações, pagamento retroativo de verbas trabalhistas e processos por danos morais coletivos são exemplos de prejuízos possíveis.
Essa preocupação é compartilhada por autoridades do setor. Conforme destacou a desembargadora Eleonora Lacerda, gestora regional do programa de Erradicação do Trabalho Escravo (PETE), a terceirização exige atenção redobrada, pois a falta de controle na contratação pode levar a graves problemas trabalhistas.
Esses dados reforçam que o risco não pode ser ignorado. Um único fornecedor terceirizado com falhas na gestão de alojamentos pode colocar toda a operação em xeque.
Como a gestão de terceiros ajuda a eliminar riscos nos alojamentos?
Para o agronegócio, uma gestão de terceiros eficiente é sinônimo de prevenção e sustentabilidade.
Ela assegura que cada fornecedor seja avaliado e monitorado não apenas pela produtividade ou custo, mas principalmente pelo cumprimento das normas trabalhistas, de saúde e de segurança.
Esse olhar estratégico, focado nas condições de alojamento dos trabalhadores, não só ajuda a mitigar riscos legais e passivos trabalhistas, mas também protege a imagem da empresa diante de consumidores e do mercado.
Ao atuar de forma proativa, você fortalece a confiança em toda a sua cadeia produtiva e contribui para um ambiente de trabalho mais humano e responsável. Mas, para garantir que essa proteção seja real, é preciso ir além dos contratos e adotar a auditoria de campo.
O papel da auditoria de campo na fiscalização dos alojamentos
A auditoria de campo é a ferramenta indispensável para uma gestão eficiente dos terceiros. Além de fiscalizar as condições de alojamento e de trabalho no agronegócio, ela permite que empresas identifiquem e corrijam falhas antes que se transformem em passivos legais ou reputacionais.
Ela vai muito além da checagem documental, oferecendo uma análise prática e direta, feita no local, sobre como os fornecedores estão conduzindo suas obrigações.
Durante uma auditoria, aspectos essenciais são minuciosamente verificados. Isso inclui as condições sanitárias, como a qualidade da água, a higiene de banheiros e cozinhas, e o descarte correto de resíduos.
Também são avaliadas a segurança estrutural, desde a fiação elétrica até o estado de dormitórios e áreas comuns, e o conforto mínimo, como o número adequado de trabalhadores por quarto e a ventilação.
Além disso, a auditoria verifica a regularidade documental dos terceirizados e o transporte seguro para o local de trabalho.
Esse processo não só identifica falhas de forma proativa, mas também permite a criação de planos de ação para corrigi-las, reduzindo os riscos e reforçando o compromisso da sua empresa com as boas práticas.
Benefícios estratégicos da auditoria para a terceirização no campo
Adotar auditorias de campo periódicas para monitorar os alojamentos dos trabalhadores no agronegócio traz ganhos estratégicos que impactam diretamente a longevidade e a credibilidade do negócio.
Uma gestão de terceiros apoiada pela auditoria de campo, transforma compliance em vantagem competitiva, protegendo a empresa de passivos trabalhistas, fortalecendo sua imagem perante para o mercado e garantindo maior segurança para os colaboradores prestadores de serviços.
Essa prática oferece uma visibilidade real sobre a atuação de cada fornecedor, permitindo que a empresa mitigue passivos trabalhistas, evitando multas e ações judiciais que podem custar milhões.
A auditoria também é fundamental para padronizar as condições de trabalho em toda a cadeia de produção, fortalecendo a cultura de compliance.
Ao investir em segurança e bem-estar para os trabalhadores, você demonstra um compromisso ético que gera credibilidade junto a investidores e consumidores, que valorizam cada vez mais práticas de negócios sustentáveis e responsáveis.
Em outras palavras, a auditoria não é um gasto extra, mas um investimento estratégico em segurança jurídica, reputação e perenidade do seu negócio.
Construindo um futuro sustentável no agronegócio
O agronegócio brasileiro tem papel central na economia global, mas também carrega grandes responsabilidades sociais. Cuidar do alojamento de trabalhadores terceirizados é uma dessas responsabilidades, que não pode ser deixada em segundo plano.
Quando empresas assumem a gestão de terceiros com seriedade, aplicam auditorias de campo e exigem que seus fornecedores cumpram padrões rigorosos, todos saem ganhando: o trabalhador, a cadeia produtiva e o próprio setor.
Afinal, eliminar riscos nos alojamentos não é apenas uma obrigação legal, mas também uma escolha estratégica que fortalece a imagem do agronegócio como um pilar de desenvolvimento sustentável e responsável.