Maio Amarelo: como prevenir acidentes de trânsito

Ultima atualização: 30.05.2025

Todos os dias, milhares de pessoas saem de casa sem imaginar que não voltarão. O trânsito, que deveria ser apenas um meio de ir e vir, tornou-se um dos maiores causadores de mortes e lesões no mundo. Por trás dos números frios, há histórias interrompidas, famílias devastadas e sonhos que nunca se realizarão.

É nesse cenário que surge o Maio Amarelo — um movimento global que nos convida a refletir, repensar comportamentos e assumir o nosso papel na construção de um trânsito mais seguro. Mas afinal, o que é esse movimento e por que precisamos, urgentemente, falar sobre acidentes de trânsito?

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O que é o Maio Amarelo e como ele combate os acidentes de trânsito?

O Maio Amarelo é um movimento internacional de conscientização para a redução dos sinistros de trânsito. Ele surgiu em 11 de maio de 2011, quando a Organização das Nações Unidas (ONU) decretou a Década de Ação para a Segurança no Trânsito.

Desde então, o mês de maio passou a ser referência mundial para a realização de balanços e mobilizações voltadas à prevenção de acidentes viários. A cor amarela, símbolo do movimento, representa a atenção — um dos principais fatores para a condução segura — e remete à sinalização de advertência no trânsito.

Os acidentes de trânsito ocupam posições alarmantes entre as principais causas de morte no mundo: são a primeira causa de óbito entre jovens de 15 a 29 anos, a segunda entre crianças de 5 a 14 anos e a terceira entre adultos de 30 a 44 anos. Além do impacto humano, esses acidentes geram um custo anual estimado em US$ 518 bilhões, representando entre 1% e 3% do Produto Interno Bruto (PIB) de cada país.

O objetivo do Maio Amarelo é promover uma ação coordenada entre o poder público e a sociedade civil, colocando a segurança viária em pauta e mobilizando diferentes setores da sociedade. Órgãos de governo, empresas, entidades de classe, associações, federações e a sociedade civil organizada são convidados a refletir e atuar de forma efetiva.

A proposta é superar discursos vazios e rotineiros, promovendo um debate profundo e engajado sobre a complexidade do trânsito, suas consequências e a necessidade urgente de mudança de comportamento em todas as esferas.

Principais causas de acidentes de trânsito no Brasil

Entender o que leva aos acidentes de trânsito no Brasil é um passo fundamental para promover ações eficazes de prevenção e melhorar a segurança nas vias. O cenário atual é preocupante: estima-se que uma pessoa perca a vida no trânsito brasileiro a cada 15 minutos, o que evidencia a urgência de iniciativas voltadas à redução desses índices.

As causas dos acidentes são, em grande parte, multifatoriais. Fatores ligados ao comportamento dos condutores se destacam, como distrações ao volante, excesso de velocidade, consumo de álcool ou drogas, desrespeito às leis de trânsito e o cansaço físico e mental. Ao mesmo tempo, questões estruturais também contribuem, como estradas mal conservadas, sinalização deficiente e falta de iluminação adequada.

Além disso, falhas mecânicas ou elétricas nos veículos, especialmente quando aliadas à negligência na manutenção e à ausência de uma condução defensiva, aumentam consideravelmente os riscos.

O Atlas da Acidentalidade no Transporte Brasileiro, com dados de 2021, reforça a importância de enfrentar esses fatores. Segundo o levantamento, as principais causas de acidentes em rodovias federais foram:

  • Falta de atenção ao conduzir (22.537 ocorrências)
  • Desrespeito à sinalização (8.323 ocorrências)
  • Excesso de velocidade (6.742 ocorrências)

Quando se analisa especificamente os acidentes fatais, as mesmas causas continuam no topo, com números expressivos:

  • Desobediência à sinalização (1.552 mortes)
  • Falta de atenção (1.503 mortes)
  • Excesso de velocidade (677 mortes)

Dados mais recentes, como os divulgados pelo boletim de acidentes de trânsito da Polícia Rodoviária Federal em 2024, apontam ainda outras causas recorrentes, como: entrar em vias sem observar o tráfego, conduzir na contramão, dormir ao volante e falhas mecânicas ou elétricas nos veículos, como falhas nos freios e direção.

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Impactos dos acidentes de trânsito na saúde e economia

Os acidentes de trânsito não afetam apenas as estatísticas, suas consequências vão muito além dos números e provocam impactos profundos na saúde pública, na economia e no bem-estar social. Quando ocorrem, esses eventos geram desdobramentos imediatos e de longo prazo, tanto para as vítimas quanto para a sociedade como um todo.

Entre as consequências diretas, podemos destacar:

Lesões físicas: os acidentes podem causar desde escoriações leves até ferimentos graves e permanentes, como fraturas múltiplas, lesões na coluna, traumatismos cranianos e até amputações.

Mortes: muitos desses sinistros resultam em mortes, provocando dor irreparável a famílias e comunidades e interrompendo trajetórias pessoais e profissionais.

Impacto psicológico: sobreviventes e familiares frequentemente enfrentam traumas emocionais profundos, como transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), ansiedade crônica, depressão e medo de voltar a dirigir ou circular nas vias.

Já as consequências indiretas são igualmente relevantes:

Custos econômicos elevados: os acidentes geram prejuízos expressivos com internações, cirurgias, medicamentos, afastamentos do trabalho, perda de produtividade, indenizações e reparos de veículos e bens atingidos.

Sobrecarga do sistema de saúde: hospitais e serviços de emergência são diretamente afetados, muitas vezes enfrentando lotação e desvio de recursos que poderiam ser destinados a outras áreas da saúde pública.

Danos materiais: veículos envolvidos, cargas transportadas e até estruturas urbanas como postes, sinalizações e calçadas podem ser destruídos ou danificados, gerando custos para empresas, cidadãos e para o poder público.

Impacto social: o aumento de acidentes pode gerar um clima de insegurança nas vias, além de alimentar sentimentos coletivos de vulnerabilidade, medo e impotência diante da violência no trânsito.

Portanto, reduzir os acidentes não significa apenas salvar vidas, é também aliviar o sistema de saúde, preservar a economia, proteger a estrutura urbana e melhorar a qualidade de vida de toda a população.

Como prevenir acidentes de trânsito: o papel de todos

Uma das principais políticas públicas para reduzir os acidentes nas vias brasileiras é o Plano Nacional de Redução de Mortes e Lesões no Trânsito (Pnatrans), instituído em 2018 por meio da Lei nº 13.614, que acrescentou o artigo 326-A ao Código de Trânsito Brasileiro (CTB).

O plano visa orientar gestores e instituições na adoção de medidas eficazes para diminuir os índices de fatalidades e ferimentos nas estradas e cidades, em sintonia com a Nova Década de Ação pela Segurança no Trânsito, proposta pela Organização das Nações Unidas (ONU).

O Pnatrans estabelece 70 ações estratégicas, abrangendo desde iniciativas educativas até melhorias estruturais e de fiscalização. Um dos eixos do plano foca diretamente na formação de crianças e adolescentes, com programas voltados a alunos e professores da educação básica. A ideia é fomentar desde cedo a cultura da segurança no trânsito, uma vez que esse público é frequentemente vítima de atropelamentos.

No entanto, para que as ações sejam realmente efetivas, é fundamental envolver todos os públicos, principalmente os adultos – que, na maioria das vezes, são os condutores dos veículos e os responsáveis pelo zelo das crianças e adolescentes no espaço viário.

Por isso, o plano também prevê o reforço da educação no processo de formação e renovação da CNH (Carteira Nacional de Habilitação), promovendo condutores mais conscientes e preparados.

As campanhas de conscientização precisam destacar o papel e as obrigações de todos os usuários da via:

Pedestres: devem atravessar somente em locais seguros, como faixas e passarelas, respeitar os semáforos e observar ambos os lados da via antes de cruzá-la.

Motoristas: precisam cumprir os limites de velocidade, respeitar a sinalização, manter distância segura dos outros veículos e redobrar a atenção nas ultrapassagens e mudanças de faixa.

Além da educação, a fiscalização tem papel fundamental. A intensificação das ações de monitoramento e punição de infrações pode ser um importante fator de dissuasão de comportamentos imprudentes, ajudando a salvar vidas.

No contexto corporativo, diversas empresas utilizam motoristas em suas operações, seja no transporte de cargas ou em serviços de campo. Nesses casos, a segurança no trânsito deve ser tratada como parte da gestão de saúde e segurança do trabalho. Algumas boas práticas incluem:

Treinamentos regulares: promover capacitações sobre leis de trânsito, direção defensiva e prevenção de riscos nas estradas.

Monitoramento dos veículos: adotar tecnologias que permitem acompanhar em tempo real a localização e o comportamento dos condutores durante as viagens.

Manutenção preventiva e corretiva: estabelecer um cronograma rigoroso de inspeções e reparos nos veículos, evitando falhas mecânicas que possam colocar vidas em risco.

A prevenção de acidentes é uma responsabilidade coletiva. Com planejamento, educação, fiscalização e compromisso, é possível transformar o trânsito em um espaço mais seguro para todos.

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Treinamentos que ajudam a reduzir acidentes de trânsito

No ambiente corporativo, a depender do setor de atuação, é comum que a empresa conte com diferentes tipos de condutores, cada um com funções específicas e exigências particulares. Entre eles, podemos citar: motoristas de transporte de passageiros, de cargas indivisíveis, de produtos perigosos, condutores de veículos de emergência e também aqueles que utilizam veículos para deslocamentos internos ou externos a serviço da empresa.

Para cada uma dessas categorias, a Resolução CONTRAN nº 789/2020 determina cursos específicos de capacitação. O CONTRAN, sigla para Conselho Nacional de Trânsito, é o órgão máximo normativo e consultivo do Sistema Nacional de Trânsito no Brasil, responsável por estabelecer diretrizes da Política Nacional de Trânsito e coordenar os demais órgãos que a compõem.

Entre os cursos regulamentados, destacam-se:

Direção Defensiva: obrigatório para todos os motoristas que atuam a serviço da empresa, esse curso ensina técnicas de prevenção e comportamento seguro no trânsito, com foco em evitar acidentes e preservar vidas.

Transporte de Passageiros: direcionado a profissionais que conduzem pessoas, abordando temas como atendimento ao usuário, segurança, legislação vigente e boas práticas para um transporte humanizado e responsável.

Movimentação Operacional de Produtos Perigosos (MOPP): voltado a motoristas que transportam substâncias químicas, biológicas ou radiológicas, essa capacitação trata de normas específicas, formas seguras de manuseio e estratégias de prevenção de acidentes e contaminações.

Condutor de Cargas Indivisíveis: aplicável ao transporte de cargas de grandes dimensões que não podem ser fracionadas, como pás eólicas, transformadores ou guindastes. Devido à complexidade e ao risco envolvido, é exigida formação específica para garantir a segurança da operação.

Condutor de Veículos de Emergência: capacita profissionais a dirigir veículos em situações críticas, como ambulâncias, viaturas policiais ou de bombeiros. O curso aborda técnicas de direção segura, legislação e procedimentos emergenciais.

É fundamental que todos os condutores recebam a capacitação adequada conforme a atividade exercida, garantindo que estejam preparados para atuar de forma segura, tanto na prevenção quanto na resposta a situações adversas. A empresa também deve se atentar às reciclagens desses treinamentos, definidas normativamente, no intuito de manter o conhecimento atualizado de todos os condutores.

Contudo, a responsabilidade com a segurança viária dentro das empresas não se limita aos motoristas. Colaboradores que não dirigem veículos também devem ser orientados quanto aos riscos associados ao trânsito, especialmente se estiverem expostos a áreas de circulação interna de veículos no pátio da empresa, ou no deslocamento casa-trabalho.

Seja o colaborador ciclista, pedestre, usuário de transporte público ou mesmo carona de terceiros, é essencial que receba instruções sobre os cuidados com a sua segurança no trajeto. A orientação preventiva, adaptada à realidade de cada tipo de deslocamento, contribui significativamente para a redução dos riscos de acidentes, reforçando a cultura de prevenção e o compromisso com a vida.

A segurança no trânsito não é uma meta distante é uma necessidade urgente. Os dados alarmantes, os impactos devastadores e as vidas perdidas diariamente gritam por mudança. E essa mudança começa por nós.

Não basta conhecer as causas, é preciso agir. Condutores conscientes, fiscalização eficiente, infraestrutura segura e empresas comprometidas fazem parte da equação. Mas, acima de tudo, é preciso lembrar que o trânsito é feito por pessoas — e é por elas que devemos agir com responsabilidade, empatia e comprometimento.

Reduzir os sinistros exige uma abordagem que integre o ser humano, o ambiente e a máquina — os três pilares do trânsito. O desafio é grande, mas a omissão custa vidas. Que o Maio Amarelo não seja apenas uma campanha, mas o ponto de partida para atitudes permanentes.

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Autor: Renan Vieira Gomes | Especialista em Gestão de Terceiros na Bernhoeft